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sexta-feira, 29 de abril de 2011

Beatificação. Sangue de João Paulo II ganha estatuto de culto

A poucos dias da morte do polaco Karol Wojtyla, o Hospital Bambino Gesú, em Roma, recolheu sangue do então Papa para o centro de transfusões, guardando-o em quatro recipientes: dois deles foram entregues ao secretário particular de João Paulo II, cardeal Stanislaw Dziwisz; os outros dois ficaram no hospital. Dias depois da recolha de sangue, a 2 de Abril de 2005, o Papa polaco sucumbia à doença de Parkinson. Foi essa doença que abriu caminho à sua beatificação: a confirmação de que João Paulo II curou o parkinson de Marie Simon-Pierre, freira francesa, levou à decisão do Vaticano. A cerimónia vai levar, a partir de hoje, e até à próxima segunda-feira, milhares de fiéis católicos a Roma, ansiosos pelo evento e curiosos de visitar o novo objecto de culto para milhões de católicos fervorosos espalhados pelo mundo: um relicário que contém uma ampola com o sangue de Wojtyla.

"Os católicos têm uma tradição muito antiga de veneração. No Antigo Testamento, e ainda hoje, os patriarcas são visitados por milhares de judeus na Terra Santa, Israel. No catolicismo, a adoração de relíquias surge com os mártires cristãos dos primeiros séculos - uma maneira própria, especial, encontrada para os honrar", explica ao i o teólogo Joaquim Carreira das Neves. Na história da Igreja Católica, as relíquias, objectos preservados com o propósito de ser venerados religiosamente, assumem várias formas. No caso de João Paulo II, admite Carreira das Neves, o sangue torna-se ainda mais simbólico. "Essa escolha é parecida com o pedaço da língua de Santo António, relíquia que está guardada em Pádua. O sangue simboliza a alma, a virtude, o corpo do homem ou mulher santos", explica o teólogo. "Ao contrário dos ortodoxos, que não adoram imagens, os latinos são mais materialistas, dão mais importância ao corpo. Um homem santo é um homem de corpo, portanto tudo o que lhe pertenceu pode tornar-se relíquia."

E assim é. Ao relicário criado para guardar o sangue de João Paulo II - que será inaugurado no domingo, 1 de Maio, assim que o Papa for oficialmente beatificado numa cerimónia na Basílica de São Pedro - junta-se o cinto perfurado por uma bala e manchado de sangue que João Paulo II usava quando foi alvo do atentado de 1981. Ainda que não seja oficialmente uma relíquia, os polacos católicos já estão a venerá-lo no santuário mariano de Jasna Gora. "Formalmente, é preciso esperar até à beatificação para que o cinto seja considerado uma relíquia", explicou à AFP o padre Jan Golonka. "Mas para os peregrinos trata-se já de um objecto de culto. Tivemos muita sorte porque foi o próprio João Paulo II que no-lo ofereceu. Outros que quiseram ter as suas relíquias tiveram de passar pelo Vaticano, através de um procedimento muito complicado."

Antes de ser depositado no santuário polaco, o cinto esteve exposto em Fátima entre 1982 e 1983. Agora, uma outra ampola com o sangue de Karol Wojtyla será oferecida aos polacos pelo cardeal Stanislaw Dziwisz, arcebispo de Cracóvia e ex-secretário do Papa, que guardou parte do sangue recolhido para si.

Para os católicos polacos, a cerimónia marca a confirmação da importância do seu papado para o país. Como explicou ao i Juan Laboa Gallego, teólogo e autor do livro "História dos Papas", "a Polónia ganhou muito com Wojtyla. Era um país comunista que, com um papa polaco, se tornou um país especial. Quando o Papa foi à Polónia, um ano depois de ser investido, o governo não o queria receber. Mas o povo mostrou que estava com ele, ameaçou fazer uma revolução e o governo acabou por ceder".

Na manhã do próximo domingo, o único Papa da história da Igreja Católica oriundo de um país comunista passa a beato. Se um outro milagre for entretanto confirmado pelo Vaticano, de beato passará a santo. 
Font:

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Mas afinal o que é o FMI



O que é o FMI?
O Fundo Monetário Internacional (FMI) define-se como uma organização internacional que trabalha "a favor de uma cooperação monetária global, para assegurar a estabilidade financeira, facilitar o comércio internacional, promover altos níveis de emprego e desenvolvimento económico sustentável, além de reduzir a pobreza".

Quem manda no FMI?
A autoridade máxima do FMI é o conselho de governadores, onde têm assento dois representantes de cada país, normalmente os ministros das Finanças e os governadores dos bancos centrais nacionais de cada Estado-membro. Reúne-se, habitualmente, uma vez por ano.

O trabalho diário do FMI é assegurado pelo directório executivo, composto por 24 pessoas – oito com assento permanente, representando Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, China, Rússia e Arábia Saudita. Os outros 16 são eleitos bienalmente e representam grupos de países. Por exemplo, Arrigo Sadun é um italiano que representa o grupo de países composto por Portugal, Itália, Albânia, Grécia, Malta, São Marino e Timor-Leste. É o directório executivo que decide o que responder aos pedidos de resgate e em que condições o FMI empresta o dinheiro.

Como se decide no FMI?
Por votos. Cada país tem uma percentagem de votos diferente, que é definida pelo contributo de cada país para o FMI (ver pergunta seguinte).

De onde vem o dinheiro do FMI?
A principal fonte de recursos do FMI é o dinheiro disponibilizado por cada Estado-membro. Cada país paga uma quota, cujo montante é definido tendo em conta, entre outros critérios, o PIB nacional e a sua importância relativamente ao PIB mundial. Quem mais tem, mais contribui para o FMI, mas também mais pode influenciar as decisões do Fundo.

O FMI tem uma moeda própria – o Direito Especial de Saque (DES). Portugal contribui com 1,029.7 milhões de DES, o que significa menos de meio por cento do fundo. Com este contributo, Portugal tem direito a poucos votos, também menos de meio por cento.

Quando é que foi criado?
O FMI foi criado em 1945, no rescaldo na Segunda Guerra Mundial. Começou com 45 países. Actualmente, conta com 187 Estados-membros, entre os quais Portugal, que aderiu a 29 de Março de 1961.
 
 


 

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Intervenção do FMI em Portugal "não é o fim do mundo"

Kenneth Rogoff, ex-economista chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), desdramatizou a eventualidade de vir a ser necessária uma intervenção em Portugal, ainda que sublinhando que o Governo está a tentar evitar essa situação.
"No caso de Portugal não conseguir assegurar a sustentabilidade orçamental e estiver em problemas, o FMI estará lá. Penso que é claro que o Governo preferia evitar essa intervenção, mas não é o fim do mundo se acontecer", disse hoje aos jornalistas o professor da Universidade de Harvard.
Kenneth Rogoff falava no final de um colóquio sobre a dívida na Assembleia da República, em Lisboa, e escusou-se a especificar a probabilidade de haver uma intervenção.
"É certamente uma situação desafiadora, não há dúvidas sobre isso. Não é impossível evitar [uma intervenção], mas é complicado", respondeu o especialista.
O responsável destacou que "o crescimento é perto do zero, ou negativo, a dívida é muito alta, os mercados estão a exigir um prémio que pode ser mais alto ou mais baixo e é difícil fazer todos os ajustamentos", pelo que considerou "possível que o FMI seja necessário".
Segundo o responsável, "o problema fundamental é o crescimento". E frisou que "nos últimos 10 anos Portugal teve um crescimento muito lento e perdeu muito terreno" e que "agora tem uma alta taxa de endividamento e corre o risco de ter mais uma década de crescimento lento".
Kenneth Rogoff comentou ainda as reformas feitas pelo Governo nos últimos anos, "na educação, no sistema legal, no mercado de trabalho, no investimento em infraestruturas", sublinhando que estas "não são 'pensos rápidos', mas sim reformas que têm que ser feitas para sustentar o crescimento".
E prosseguiu: "Há um longo período de ajustamento à nossa frente. O crescimento europeu deverá ser lento, os mercados emergentes estão a ir bem, mas os Estados Unidos não. Por isso, é um desafio e um risco ter um nível de vida tão elevado, durante tantos anos."
De acordo com o professor, "o Governo português e as autoridades portuguesas têm que decidir o que pretendem e qual é o seu interesse", sendo que esta "é uma situação desafiadora, com os 'spreads' no mercado muito elevados". Mas, realçou, "o pagamento de juros não está num nível tão alto face às receitas globais [do Estado] que não seja possível aguentar mais algum tempo".
Por isso, para Kenneth Rogoff, "a questão principal é que não há um remédio rápido" e "Portugal precisa de voltar a crescer durante um longo período de tempo".
O economista reforçou que Portugal "precisa de ter uma grande década e não outra década perdida" e "se começar com uma dívida elevada e combinar isso com um crescimento lento durante muito tempo, então é difícil escapar aos problemas, independentemente do que seja feito, qualquer que seja o Orçamento aprovado é um passo numa longa estrada".